A história mostra, ano após ano, que a frase do fundador Guilherme de Aquino em 1905 tinha ares de profecia. O Sport Club do Recife nasceu e nunca deixou de ser em 119 anos de existência “um autêntico campeão”. Uma história de valentia talhada por vitórias e títulos. São mais de 70 títulos conquistados pelo futebol profissional e mais algumas centenas com as categorias de base e com as modalidades olímpicas e amadoras.
O Sport foi fundado em 13 de maio de 1905, no salão da Associação dos Empregados do Comércio de Pernambuco. O engenheiro pernambucano Guilherme de Aquino reuniu, como o próprio hino do Leão diz, ardentes seguidores para começar a história do maior Clube do Norte-Nordeste.
No total, foram 67 torcedores admitidos como fundadores, mesmo sem que todos os nomes constem na ata de fundação.
Pouco mais de um mês após o pontapé inicial em sua história, exatamente no dia 22 de junho de 1905, o Sport entrou em campo pela primeira vez para uma partida de futebol. Um amistoso contra o English Eleven, time formado por funcionários de companhias britânicas sediadas no Recife. Apesar do favoritismo dos ingleses, considerados “os pais do futebol”, o Sport conseguiu um honroso empate por 2×2.
“Esteve bastante concorrida a festa de inauguração deste club, comparecendo crescido número de senhoritas e cavalheiros. Constou o festival de uma partida de football em que tomaram parte sócios do Sport Club e do English Eleven. A partida foi bem jogada de ambas as partes, havendo um empate. Felicitamos a diretoria do Sport Club pela vitória alcançada, pois sendo uma sociedade nova, não se deixou vencer pelo English Eleven”. Diario de Pernambuco (24/6/1905).
Em 29 de abril de 1906, o Sport Club do Recife alcançou sua primeira vitória. O confronto foi contra o Western Telegraph, uma equipe formada por funcionários de uma companhia inglesa em Recife. Nesse histórico encontro, o gol da vitória rubro-negra foi marcado por Fellows, solidificando o início triunfante do clube no cenário esportivo.
Em 1916, o Sport conquistou seu primeiro título estadual logo em sua estreia na Liga Sportiva Pernambucana, vencendo o Santa Cruz por 4×1 com destaques para Lalor Motta e o reforço do zagueiro Paulino do América-RJ.
O clube manteve a forma no ano seguinte, alcançando o bicampeonato com a ajuda do atacante Ciro Werneck, ex-Botafogo, batendo novamente o Santa Cruz por 3×1.
Em 1919, uma excursão pioneira para Belém resultou na conquista de um troféu que inspirou o escudo do clube, caracterizado por um leão, simbolizando força e liderança.
Entre 1918 e 1937, o Sport sediou seus jogos no Campo da Avenida Malaquias, uma infraestrutura adquirida do Fluminense, que se tornou o primeiro estádio do clube.
A Ilha do Retiro, oficialmente conhecida como Estádio Adelmar da Costa Carvalho, é um marco histórico para o Sport Club do Recife e seus torcedores. Inaugurada em 4 de julho de 1937, a Ilha do Retiro não só serve como o coração pulsante do clube, mas também como um palco de importantes momentos esportivos e culturais de Pernambuco. O estádio recebeu seu nome em homenagem a um dos presidentes mais emblemáticos do clube, Adelmar da Costa Carvalho, que liderou o Sport durante anos gloriosos nas décadas de 1950 e 1960.
Com uma capacidade que ultrapassa 30.000 espectadores, a Ilha do Retiro presenciou numerosas conquistas e partidas memoráveis, solidificando seu lugar não apenas na história do futebol brasileiro, mas também como um local de profundo significado emocional e cultural para a torcida do Leão.
As décadas de 40 a 60 foram períodos de significativo desenvolvimento e sucesso para o Sport Club do Recife. Durante os anos 40, o clube consolidou sua posição de destaque no futebol pernambucano, conquistando vários títulos estaduais e fortalecendo sua infraestrutura. A década também foi marcada pela inovação nos treinamentos, com sessões na praia sob a orientação de técnicos estrangeiros, uma prática pouco comum na época que ajudou a melhorar o desempenho dos jogadores.
Nos anos 50, o Sport celebrou seu cinquentenário com chave de ouro, conquistando o Campeonato Pernambucano em 1955, sob o comando do técnico Gentil Cardoso. A equipe dessa era era conhecida por sua força e coesão, consolidando a reputação do clube como um dos principais times do Nordeste.
A década de 60 trouxe desafios, oportunidades e a glória maior. O Sport participou de seu primeiro torneio internacional, a International Soccer League de 1963 em Nova York, marcando sua presença no cenário futebolístico internacional. Apesar de não vencer, a experiência trouxe visibilidade e prestígio ao clube. E a década de 60 não poderia terminar da melhor maneira para o Maior do Nordeste. O Sport conquistou o seu primeiro título Nacional regionalizado com o Torneio Norte-Nordeste da CBD em 1968, o Brasileirão do Norte, superando o Remo em duas partidas decisivas. Afirmando sua supremacia nacional e fechando a década com uma nota de triunfo máximo.
Em 1975, o clube quebrou outro período sem títulos estaduais, emergindo vitorioso no Campeonato Pernambucano com o aclamado “Supertime da Ilha”. Destaca-se também a épica partida contra o Náutico, que se estendeu por 158 minutos de jogo, onde o Sport sagrou-se campeão após uma intensa sequência de prorrogações.
A década de 80 foi marcada por sucessivas conquistas estaduais, começando com uma vitória sobre o Santa Cruz. Nos anos subsequentes, o Sport continuou sua série de triunfos no Campeonato Pernambucano, incluindo um tricampeonato obtido após um jogo difícil contra o Central. No entanto, 1983 foi um ano de luto também para o clube, com a perda do lateral Carlos Alberto Barbosa durante uma partida, um momento trágico na história do clube.
O título do Campeonato Brasileiro de 1987 representa um dos momentos mais gloriosos e celebrados na rica história do Sport Club do Recife. A jornada até a final foi marcada por desafios intensos, culminando em dois confrontos decisivos contra o Guarani. O primeiro jogo, disputado em Campinas, terminou em empate por 1 a 1. A grande final, realizada na Ilha do Retiro, viu o Sport triunfar com um gol decisivo de Marco Antônio, selando a vitória por 1 a 0 e garantindo o título nacional para o clube. Este triunfo não apenas reafirmou a força e competência do Sport no futebol brasileiro, mas também solidificou seu lugar no coração dos torcedores como um verdadeiro campeão, celebrado por sua determinação e espírito vencedor.
A conquista de 1987 é um marco que continua a inspirar e orgulhar a nação rubro-negra, refletindo o espírito de luta e a paixão pelo futebol que define o Sport Club do Recife. A vitória naquele campeonato é relembrada não apenas como um sucesso esportivo, mas como um momento de união e celebração para todo o clube e seus torcedores. Ela simboliza a habilidade do Sport de se superar nas adversidades e de competir com grandeza no cenário nacional, elevando o clube a um patamar de prestígio e respeito no futebol brasileiro.
Na década de 90, o Sport marcou seu retorno à elite do futebol brasileiro conquistando o título da segunda divisão nacional em 1990, superando o Atlético Paranaense na final. Nos anos seguintes, o Sport dominou o cenário estadual, iniciando um período de conquistas consecutivas do Campeonato Pernambucano de 1996 a 2000. Em 1996, o clube venceu um campeonato acirrado, seguido por uma série de vitórias menos contestadas em 1997 e 1998, culminando com uma campanha invicta em 1999. Em cada uma dessas temporadas, o Sport demonstrou superioridade técnica e tática, consolidando sua reputação como uma força dominante no estado.
A década de 2000 começou com o Sport alcançando o pentacampeonato Pernambucano, superando o Santa Cruz em finais emocionantes que reforçaram a rivalidade entre os clubes. O auge veio em 2008, quando o Sport conquistou a Copa do Brasil, seu terceiro título nacional, garantindo uma vaga na Taça Libertadores da América de 2009. Durante a campanha, o Sport eliminou equipes tradicionais e fortes, como Internacional, Palmeiras e Vasco, com Romerito destacando-se como artilheiro do torneio. Esta vitória não apenas elevou o status do clube nacionalmente, mas também fortaleceu seu papel como um dos principais representantes do futebol do Nordeste no cenário brasileiro.