No espaço, a pressão atmosférica é zero. Numa bola de futebol, ela fica entre 0,6 e 1,1 atmosferas 4. No espaço, o clima pode chegar a -270 graus C. Já na Ilha do Retiro, em dia de jogo, o clima vira coisa de outro mundo. No espaço não tem som, mas a gente desconfia que até de lá dê para ouvir o Cazá Cazá. As comparações, até aqui, certamente não fazem sentido. Mas elas têm um motivo: a paixão pelo Sport ultrapassou a exosfera.

Isso por causa do cientista estadunidense Jim Spann, que denominou um satélite da NASA de SPORT em homenagem ao Leão da Ilha do Retiro, time do seu coração. É a megalomania rubro-negra alcançando níveis, até então, inimagináveis e dando ao Clube o maior torcedor da galáxia.

O Dr. James F. (Jim) Spann, Jr., de 65 anos, nasceu nos Estados Unidos e é um heliofísico Líder da Divisão de Clima Espacial na sede da NASA, onde possui mais de 35 anos de carreira. Ele, porém, cresceu no bairro do Derby, centro do Recife – por conta dos pais, que na época atuaram como missionários na capital pernambucana -, e desenvolveu uma paixão pelo Sport que perdura fortemente até os dias atuais.

“Foi uma paixão familiar, que passou de pai para filho. Como morávamos próximo da Ilha do Retiro, meu pai se associou ao Clube e levava eu e meus irmãos aos jogos do Sport. Durante um certo tempo, eu fui atleta de basquete do Clube na categoria juvenil. O Sport realmente, para mim, é algo muito especial e que representa uma época importante da minha vida”, afirmou o cientista.

Jim é torcedor, sócio e acompanha frequentemente os jogos com a camisa do Leão. A ideia de dar o nome de SPORT ao satélite da NASA, além de homenagear o Clube, é também estimular a educação e mostrar que a atuação no mercado espacial é mais acessível do que se pensa.

O cientista entende que o futebol é o esporte mais popular do planeta e tem poder de penetração nas mais diversas classes e esferas da sociedade. Desta forma, ao interligar o tema às ciências especiais – sem endossar adesão a um time específico, frise-se -, Jim acredita que os holofotes serão ampliados e mais pessoas, principalmente crianças e adolescentes, irão buscar o assunto, interessando-se automaticamente pelo mercado – cujo senso comum é de que seja algo restrito, avalia.

“Eu costumo falar que todos podem alcançar os seus sonhos, com muita dedicação e perseverança. Dediquem-se, pois vale muito a pena. O nosso objetivo é, através do futebol, atingir jovens estudantes e mostrar que o mercado espacial é acessível”, disse Jim.

O Satélite SPORT será oficialmente lançado em evento do SENAI: Futuros Especiais, nos dias 3 e 4 de novembro, na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e na FIEPE (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco) – clique aqui para conferir mais informações.

O presidente do Leão, Yuri Romão, falou sobre a satisfação do Sport ao conhecer a história e não escondeu a alegria de recebê-lo na Ilha do Retiro. Nesta quarta (2), Jim conheceu o Clube, entrou no estádio, conversou com os jogadores e almoçou com a diretoria rubro-negra.

“Realmente é uma história maravilhosa. Fizemos questão de recebê-lo no Clube e preparar um almoço mais do que especial, para ele matar a saudade da culinária do Estado. Como forma de agradecimento, devolvemos a homenagem feita por ele, com um kit do Leão e uma placa oficial”, destacou o presidente.

O satélite SPORT

O satélite SPORT é fruto de uma parceria entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a National Aeronautics and Space Administration (NASA). Ele foi desenvolvido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e pela NASA, com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Universidade Estadual de Utah. O contrato para o desenvolvimento do satélite foi assinado em 2019, entre a AEB e a NASA.

A missão do satélite do SPORT será investigar a anomalia magnética do Atlântico Sul e entender melhor as condições que acarretam o crescimento das bolhas de plasma. Essas “falhas” são comuns em regiões tropicais e provocam erros nas posições GPS de receptores usados em veículos em terra, mar e ar.

O evento será direcionado para estudantes, professores e empresários, e contará com apresentações de especialistas do mercado especial. No dia 03, as apresentações iniciarão às 8h30 e terão fim previsto para as 18h05. No dia 04, elas iniciarão às 8h30 e terminarão às 17h45.

A organização fica por conta da FIEPE (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco), do SENAI/PE (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e da NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço).

As instituições que desenvolveram o Satélite SPORT e estão organizando o evento, pontue-se, não endossam um time de futebol em específico, mas reconhecem a homenagem feita ao futebol brasileiro por meio do gesto do Jim Spann, além da oportunidade de outreach associada ao alcance de um segmento da população distante da ciência e tecnologia, mas muito vinculada ao esporte, e em particular, ao futebol.

Jim Spann – o maior torcedor da galáxia

Há mais de três décadas na NASA, ele já atuou em vários projetos, desenvolvendo sensores remotos UV, gerenciando e servindo como Cientista Chefe do Marshall Space Flight (MSFC), entre outras coisas.

Jim Spann obteve seu bacharelado em matemática e física na Ouachita Baptist University (1979) e seu doutorado em física pela Universidade do Arkansas (1985).

O Dr. Spann cresceu no Recife, desde os 5 anos de idade, onde seus pais serviram como missionários por mais de 33 anos. Ele frequentou o Colégio Americano Batista e a American School of Recife antes de retornar aos Estados Unidos para cursar a Ouachita Baptist University e a University of Arkansas.

Jim tem dois filhos adultos (Hannah e Ben) e três netos (Lyla, Lincoln e William). Ele é um ávido fã de futebol, gosta de fotografia, às vezes relaxa com o seu violão e tem um forte interesse na sobreposição da ciência e da fé.